Conheça algumas formas de se manter uma gestão de estoque saudável, lucrativa e que dê subsídios para o crescimento do seu empreendimento.
Rasgar dinheiro é uma atitude comum no e-commerce, embora seja algo que todos acreditam não estar fazendo. Mas a verdade pura e simples é que, em inúmeras situações, pela ausência de uma gestão competente, vemos o dinheiro escoar pelo bolso do dono das operações sem que ele saiba que isso está acontecendo e, ainda pior, sem que ele entenda como acabar de vez com essa situação.
E um dos setores onde isso pode acontecer com bastante frequência é no estoque.
O estoque concentra a maior parte do capital de um empreendimento online. Afinal, é através dos produtos que as vendas são possibilitadas e, consequentemente, o faturamento.
No entanto, percebo que a maioria das operações não dão a ele a atenção necessária, uma vez que os avisos de “avise-me quando chegar” são bastante frequentes e, na mesma medida, galpões lotados de produtos sem giro são uma realidade.
E, para que essa situação seja amenizada, é necessário que o gestor/dono do e-commerce esteja disposto a realizar o esforço de conhecer a fundo seu estoque e gerenciá-lo de maneira eficaz, contando com as ferramentas corretas.
Portanto, vamos conhecer algumas das principais formas de se manter uma gestão de estoque saudável, lucrativa e que dê subsídios para o crescimento do seu empreendimento.
Curva ABC
A Curva ABC é um dos métodos mais conhecidos e simples para se realizar o controle eficaz de um estoque, auxiliando a entender aquilo que é mais importante dentro de um conjunto de produtos.
Ela é baseada no Princípio de Pareto, ou seja, a proporção 80/20 onde 80% das vendas são originadas de apenas 20% do estoque.
O acompanhamento dessa estratégia é bastante simples e pode ser feito com o auxílio de quem planilha, utilizando o estoque atual de produtos, o histórico de demanda dos últimos meses e o volume total vendido a partir dos dados anteriores.
Com todas essas informações reunidas, será possível entender quais são os produtos que correspondem a Curva A, B ou C, onde:
- Curva A: estão os produtos de maior importância que representam cerca 20% do volume total de produtos e aproximadamente 80% do faturamento do seu e-commerce;
- Curva B: encontram-se os produtos de média importância, 30% dos produtos estão nessa curva e são responsáveis por aproximadamente 15% do faturamento;
- Curva C: nessa curva estão os produtos de menor importância, e que correspondem a 50% dos produtos e apenas 5% do faturamento.
Utilizar essa classificação auxilia diretamente a priorizar os produtos da curva A, saindo de uma visão macro do estoque para uma visão focada em apenas alguns itens.
Isso contribui não apenas para a reposição, mas para o planejamento de ações mais efetivas, como:
- Anúncios de produtos;
- Melhorias em descrições e SEO;
- Análises de precificação;
- Análises de lucratividade.
Portanto, pode ser o primeiro passo para iniciar o processo de gestão de um estoque.
Análise individual de SKU
Conhecer muito bem cada SKU é essencial para que uma política de ressuprimento seja estabelecida de maneira adequada. Ao analisar cada produto individualmente, é possível mapear sua rotatividade, sazonalidade, estoque de segurança e cobertura média, por exemplo.
Tendo como base um e-commerce de moda, onde existem diversos produtos e cada um deles tem uma grade de variação, entender a demanda e a venda de cada um dos tamanhos fará bastante diferença na reposição.
Imagine a situação onde determinada camiseta tem maior venda no tamanho PP, mas sempre que há uma reposição de estoque é solicitada a mesma quantidade para os tamanhos PP, P e M. Eventualmente, será gerada uma situação onde o tamanho PP acaba rapidamente e o P e M podem ter maior quantidade em estoque com menor giro.
Dessa forma, entender exatamente a demanda de cada unidade facilita o estabelecimento do estoque de segurança e lançamento de uma ordem de serviço de reposição ou fabricação, mantendo os produtos sempre repostos e prontos para venda, sem excessos.
Estoque mínimo necessário
No tópico acima, citamos algumas vezes o estoque de segurança, que também é conhecido com estoque mínimo necessário.
Trata-se de um cálculo realizado cruzando dados como o tempo de fabricação e reposição com o consumo médio diário. Dessa forma, é possível saber o momento exato de realizar um novo pedido, antes que todos os itens tenham acabado e as vendas sejam impossibilitadas.
Para os e-commerces de varejo, onde a reposição de estoque é realizada por meio de um fornecedor, o conhecimento do intervalo entre a solicitação do pedido e a chegada ao armazém é imprescindível, uma vez que esse tempo definirá a quantidade mínima de produtos para se ter em prateleira.
No entanto, nos negócios que são fabricantes, a atenção deve se desdobrar nos insumos necessários e tempo de reposição destes também, já que seria contraproducente disparar uma ordem de fabricação e não ter matéria-prima para tal.
Para mensurar o estoque de segurança, é impossível fugir da análise individual dos itens e da utilização de um ERP, uma vez que todas as etapas de uma gestão de estoque estão diretamente interligadas, e será por meio do sistema que os dados para análise serão encontrados.
Reposição de estoque em marketplaces
Em gestão, nenhuma parte do e-commerce será analisada sozinha, afinal, isso é impossível. E, quando falamos da reposição de estoque em marketplaces, é fundamental que a estratégia ultrapasse o ato de apenas integrar os produtos no ERP ou hub e subir para esses canais.
O primeiro passo para estabelecer a sua política interna de reposição nesses canais de venda é calcular a margem de contribuição que cada integração traz à sua operação.
Em relação à revisão, a margem de contribuição é um dos indicadores financeiros de maior importância para a saúde financeira da sua operação. Esse KPI é responsável por informar quanto, de fato, sobra de dinheiro para sua operação após realizar a dedução de custos fixos e variáveis da receita bruta.
Portanto, compreender a margem de cada marketplace é uma das formas de entender qual deles é o mais rentável para sua operação. Afinal, a sua precificação, expressamente, deve variar para conforme o canal de vendas.
Outro ponto importante é realizar um comparativo de giro de estoque. Imagine que você venda na Via e na Magalu, e o mesmo produto costuma ter maior giro na Magalu, mas sua margem de contribuição é menor quando comparado à Via.
Nesse caso, o sensato e rentável é inserir, inicialmente, o seu item na Via, assegurando uma margem maior e trazendo lucratividade e, quando esse estoque começar a estagnar, distribuir para a Magalu, já que nesse marketplace onde o lucro poderá ser menor.
Inserir esse aspecto na sua gestão impede que os produtos tenham um giro muito rápido, mas sem obter a lucratividade desejada.
Benefícios da gestão de estoque para o e-commerce
Dentre os principais benefícios da gestão de estoque para uma operação, a economia de dinheiro é uma das principais, o que permite que o capital que seria investido em produtos que poderiam ficar parados possa ser direcionado para novas estratégias de crescimento e alavancagem da operação.
Bons exemplos de redirecionamento são:
- iniciar campanhas de tráfego para atração de público frio, com segmentações ainda não testadas;
- investir em embalagens que ofereçam uma experiência maior de unboxing e impactem na fidelização;
- possibilidade de investir em autoridade por meio de influenciadores;
- aumentar seu fundo caixa para lançamentos futuros;
Ademais, com um estoque devidamente dimensionado e com uma política de ressuprimento bem estabelecida, as chances de faltas e excessos diminuem drasticamente, fazendo com que as vendas ocorram com menos um gargalo operacional.
Além disso, todas as ferramentas utilizadas contribuem para que as reposições de produtos também sejam feitas de maneira intencional e analítica, entendendo a sazonalidade e o tempo de reposição.
Dessa forma, diminuem-se as chances de compras de alto volume por promoções dos distribuidores e de modo impulsivo, o que pode levar a um estoque inflado e sem giro.
Conclusão
A gestão de estoque de um e-commerce somente será simples quando for mal realizada, ao analisar todos os produtos como um todo e sem a atenção necessária.
As estratégias que citei são apenas algumas das possíveis de serem aplicadas, mas que se implementadas corretamente podem começar a melhorar bastante esse setor e, em consonância com uma gestão de e-commerce completa, podem-se atingir resultados com maior rapidez.
Portanto, se o seu estoque ainda não é gerenciado, talvez esse seja o motivo de a sua operação não crescer tanto quanto o desejado.
Fonte: https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/estoque-gera-ou-queima-dinheiro/
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