IDV, que reúne empresários e presidentes de algumas das maiores empresas do setor no Brasil, diz que regra resulta em desigualdade.

O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), iniciativa de empresários e presidentes de algumas das maiores empresas do setor no Brasil, prevê que a isenção do Imposto de Importação para compras internacionais de até US$ 50 vai resultar em demissões e fechamentos de lojas.

O Ministério da Fazenda publicou no dia 30 de junho, no Diário Oficial da União (DOU), a portaria portaria nº 612/2023, que prevê novas regras para compras internacionais realizadas pela internet a partir de 1º de agosto. A norma estabelece a isenção imposto, que já era válida para pessoas físicas, também para empresas de e-commerce. Essas empresas, no entanto, terão de participar de um programa de conformidade da Receita Federal e recolher impostos estaduais incidentes sobre a importação (17% de ICMS).

Representantes do varejo, que já haviam se reunido mais de uma vez com o governo para tratar do tema, foram pegos de surpresa. “A situação criada pelo governo federal com a publicação da  é extremamente grave. Essa medida está causando preocupação no setor, que se prepara para uma onda de demissões e fechamentos de lojas, penalizando as empresas nacionais, de todos os portes, que geram empregos formais e pagam seus impostos”, diz o IDV, em nota.

Entre as empresas associadas ao IDV, estão a Gouvêa Ecosystem, ecossistema de consultorias, soluções e serviços em varejo e consumo do qual a Mercado&Consumo faz parte, e varejistas como Boticário, C&A, Carrefour, DPaschoal, DPSP, Grupo Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Marisa, Marisol, Pernambucanas, Petz, Renner, Riachuelo e Via Varejo.

Para o IDV, a portaria do governo resulta em desigualdade. “Enquanto uma compra feita por meio de plataforma digital de venda cross-border será tributada em 17%, a indústria e o comércio brasileiros continuarão sujeitos a uma carga fiscal que varia de 80% a 130% em toda a sua cadeia produtiva e de distribuição. É inaceitável que o governo incentive a não conformidade do pagamento de impostos e puna as empresas que cumprem suas obrigações fiscais. Isso acaba incentivando o fechamento de empresas e a criação de empregos em outros países.”

O Instituto para Desenvolvimento do Varejo defende que a indústria e o comércio brasileiros sejam tratados com igualdade, de forma que as facilidades e benefícios fiscais concedidos às plataformas digitais de vendas internacionais sejam aplicados também internamente. “Portanto, se mantida a tributação federal zerada sobre as importações realizadas por meio de encomendas internacionais, é preciso, ao mesmo tempo, aplicar a redução da incidência tributária no comércio nacional para o mesmo patamar (ou seja, zero).”

No dia da publicação da portaria, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que ela a isenção do Imposto de Importação e a cobrança do ICMS eram “os primeiros passos para a implementação do plano de conformidade“. Afirmou, ainda, que está em conversas com o varejo nacional e empresas de marketplace e que o objetivo é buscar um “ponto de equilíbrio”.

O IDV diz que atuará para defender a “igualdade concorrencial, do emprego e do recolhimento de impostos, o que, estranhamente, o governo deveria estar fazendo, e não abrindo mão de receita”. Segundo o IDV, estima-se que o que deixou de ser recolhido aos cofres brasileiros nos últimos cinco anos gire em torno de R$ 137,7 bilhões. “Também estamos acionando a Senacon [Secretaria Nacional do Consumidor] e os Correios e, se necessário, acionaremos outras entidades para exigir que todas as obrigações de um processo de importação sejam cumpridas.”

Fonte: Mercado&Consumo

Comentários

  • fabiocaiel
    Responder

    Este assunto tem ganhado destaque nos últimos meses. O fechamento de lojas físicas de grandes redes acabou acendendo uma luz amarela para o governo, em relação às operações de Cross Border, que é a compra de produtos internacionais e que na maioria das vezes chegam no Brasil sem cobrança de impostos.

    O governo deu uma mexida, criou uma lei e ele vai começar a tributar a partir do dia primeiro de agosto, 17% nas compras até US$ 50 de todos os produtos importados comprados via e-commerce. Isso é legal? É legal, mas comparado a tributação que a gente tem no varejo nacional, que segundos os institutos dessa matéria falam de 80 a 130% a concorrência ainda continua desleal.

    Segundo esses institutos, o Brasil deixou de arrecadar mais de 137 bilhões nos últimos cinco anos. Mas o governo, o ministro da fazenda, estão falando que estão conversando com o varejo nacional, os marketplaces para tentar achar um equilíbrio e deixar a concorrência um pouco mais justa.

    Fabio Caiel – Especialista em E-commerce

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